quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Novo Sistema Solar: O Sistema Solar tem um sistema planetário vizinho mais jovem que o nosso...

Cientistas vêem semelhanças entre os sistemas de Sol e Epsilon Eridani.
Pesquisa detectou cinturões de asteróides e cometas ao redor da estrela.




Um jovem sistema planetário nas vizinhanças galácticas parece ser algo muito parecido com o que foi o Sistema Solar cerca de 4 bilhões de anos atrás. É o que sugere uma espécie de mapeamento do sistema, conduzido por um grupo americano de cientistas.


Concepção artística de planeta e cinturão de asteróides ao redor de Epsilon Eridani (Foto: Divulgação)


"Estudar Epsilon Eridani é como ter uma máquina do tempo para olhar para nosso próprio sistema planetário quando era pequeno", disse, em nota, Massimo Marengo, astrônomo do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica e co-autor da pesquisa, que será publicada em janeiro no periódico "The Astrophysical Journal".

Epsilon Eridani está apenas a 10,5 anos-luz de distância -- está em nono lugar, no ranking de proximidade com o Sistema Solar. Ela também é uma estrela bem mais jovem que o Sol, com 850 milhões de anos. Nosso astro-rei, para que se tenha uma idéia da diferença, tem quase 4,7 bilhões de anos de idade.














Já se sabia que havia um planeta gigante -- parecido com Júpiter -- ao redor de Epsilon Eridani. mas o que os cientistas conseguiram observar agora, graças à ajuda do Telescópio Espacial Spitzer, da Nasa, foi o conjunto completo de cinturões de asteróides ou objetos gelados que existem ao redor desse sistema planetário.

Os pesquisadores, liderados por Dana Backman, do Instituto Seti, concluíram que Epsilon Eridani possui dois cinturões de asteróides. O mais próximo da estrela se parece muito, em localização e porte, ao do cinturão que existe no Sistema Solar, entre Marte e Júpiter.

Mas um segundo cinturão, localizado mais ou menos onde, por aqui, está o planeta Urano, existe lá. A massa de todos os objetos nele contidos equivale mais ou menos à massa da nossa Lua.

E, finalmente, um terceiro cinturão, esse de objetos similares a cometas, existe na borda do sistema de Epsilon Eridani. Ele é parecido com o que no Sistema Solar nós chamamos de cinturão de Kuiper -- um reservatório de objetos gelados do qual Plutão faz parte. Só que, em Epsilon Eridani, esse reservatório é muito maior. Os cientistas especulam que seja por conta da tenra idade do sistema planetário -- com o tempo, muitos dos objetos devem "cair" para dentro do sistema, reduzindo a massa total do cinturão exterior.

Mas o mais interessante é que esses cinturões indicam a presença de planetas no sistema. Eles serviriam como "guardiões" dos cinturões, do mesmo modo que certas luas alimentam e protegem os anéis de Saturno.

"Planetas são a forma mais simples de explicar o que estamos vendo", diz Marengo.

Os cientistas postulam a existência de três planetas, com massas entre a de Júpiter e de Netuno, para explicar os cinturões. Um deles já havia sido descoberto; outros dois ainda aguardam confirmação. Como eles estariam mais afastados da estrela, detectá-los exigiria mais de dez anos de observações ininterruptas.

Isso coloca Epsilon Eridani como um sistema planetário dos mais interessantes -- possivelmente um laboratório de como foi o Sistema Solar na época em que a vida surgiu sobre a Terra.






Investigação sobre os exoplanetas



© John Whatmough
51 Peg b, o primeiro exoplaneta detectado pelos astrofísicos suíços Michel Mayor e Didier Queloz, em 1995.



















Não existe qualquer motivo para pensarmos que os planetas do sistema solar representam todos os tipos de planetas”, diz o astrofísico suíço Michel Mayor, descobridor do primeiro planeta extrassolar (51 Peg b), em 1995. Em abril passado, sua equipe do Observatório de Genebra detectou o menor exoplaneta conhecido até hoje.



Depoimento registrado por Marie-Christine Pinault-Desmoulins (UNESCO).

As grandes descobertas científicas ocorrem frequentemente por acaso. Será que esta afirmação se aplica também ao primeiro exoplaneta que você e Didier Queloz descobriram há 15 anos?

Não, se isso significar um golpe de sorte. Na realidade, trata-se do desfecho de um prolongado processo de pesquisa e do aperfeiçoamento de instrumentos que permitem avaliar com precisão a velocidade das estrelas. O espectrógrafo que nos permitiu detectar o primeiro exoplaneta no “Observatório de Provence” (França) chamava-se ELODIE e foi desenvolvido precisamente com o objetivo de procurar planetas fora do sistema solar.

A sorte esteve de nosso lado pelo fato de termos descoberto planetas que giram em torno de sua órbita bastante rapidamente: o período orbital do 51 Peg b é de apenas 4,2 dias. Para termos uma idéia, o período orbital de Júpiter é de 4.332,71 dias, ou seja, cerca de 10 anos. Não há dúvida de que os objetos com período orbital mais curto são mais fáceis de descobrir e observar; em algumas noites, é possível acumular observações bastante úteis que, em outros casos, exigiriam períodos de 10 a 20 anos.


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Qual é atualmente sua pesquisa mais importante?

A curto prazo, eu diria que a pesquisa segue três eixos principais:
a planetologia comparada, a detecção de planetas mais leves e o imageador planetário.


.O imageador planetário é uma prioridade da pesquisa atual. Na foto, a nebulosa Rosette, situada a 4.500 anos-luz da Terra, em imagem obtida pelo telescópio espacial infravermelho Spitzer.


No primeiro caso, trata-se de combinar os dados obtidos por satélites e instrumentos situados no solo para determinar a densidade média dos planetas; esses estudos visam conhecer a física dos planetas, uma área importante na medida em que não há qualquer razão para pensar que os planetas do sistema solar sejam representativos de todos os tipos de planetas.
No plano teórico, podemos predizer, por exemplo, que existem planetas feitos por gelo fundido.
Tal seria o caso de Netuno – se ele se aproximasse do Sol, sua superfície ficaria coberta com um enorme oceano. Esses oceanos, no entanto, nada teriam a ver com os da Terra pelo fato de não terem fundo rochoso.

No que diz respeito à pesquisa de planetas mais leves, convém saber que até recentemente éramos capazes de detectar planetas extrassolares com pelo menos quatro vezes a massa da Terra. Isso equivale a algo quase 100 vezes mais leve que Júpiter. No nosso jargão, eles recebem o qualificativo de “Superterras”. Graças aos novos instrumentos, porém, acabamos de descobrir um exoplaneta telúrico apenas duas vezes mais maciço que a Terra. [Ndr: em 21 de abril passado, o “Observatório de Genebra” anunciou a descoberta de Gliese 581 E]

Estas descobertas ocorrem através de métodos indiretos. Paralelamente, o imageador planetário, que permite ver diretamente os exoplanetas, está em pleno desenvolvimento. No final do ano passado, registramos excelentes resultados ao obtermos imagens de alguns enormes planetas bastante jovens. Mas, cuidado! Não estou dizendo que, daqui em diante, estaremos submersos por imagens porque, na maior parte dos casos, os exoplanetas não são facilmente visíveis por já estarem frios ou perto demais de suas estrelas.

Atualmente, o Observatório de Genebra está em via de desenvolver, em colaboração com seus parceiros, um imageador para detectar diretamente exoplanetas. Há mais de cinco anos sendo elaborado por mais de 200 pessoas, prevê-se que este instrumento, chamado SPHERE, esteja operacional em 2011.



© UNESCO/Michel Ravassard
Michel Mayor: descobridor do primeiro planeta extrassolar participou do lançamento do Ano Internacional da Astronomia, em janeiro deste ano, na UNESCO.
































Em que estado se encontra a colaboração internacional na área da astrofísica?


Atualmente, na área da pesquisa sobre os planetas, a colaboração mais corrente é estabelecida de pessoa a pessoa. Não existe, portanto, uma verdadeira colaboração internacional. Convém acrescentar que, em determinadas áreas, tal colaboração não é necessária e torna-se até mesmo indesejável: aí, justifica-se a competição. Pelo contrário, ao implicar recursos consideráveis, a pesquisa da vida no universo exige certamente a união de todos os esforços. Além disso, é provável que as estruturas atuais não sejam adequadas para promover, de maneira eficaz, esse tipo de missão.

Esta missão ambiciosa tem reduzido sua atividade especialmente por razões orçamentárias, tanto por parte da Agência Espacial Européia como da NASA. Alguns pesquisadores sonham com uma espécie de instituto para coordenar esse gênero de estudos em escala mundial. Por enquanto, isso não passa de uma boa intenção.

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